De todos os amores...

De todos os amores por mim vividos até hoje,
o seu foi o mais intenso.
De toda a saudade,
a sua foi a mais forte.
De todos os beijos,
o seu foi o mais gostoso.
De todo calor,
o seu foi o mais ardente.
De todas as almas,
a sua foi a mais gêmea.
De toda ânsia de cometer loucuras,
a sua foi a que mais me atentou.
De todos os corpos,
o seu mais me instigou.
De todas as esperanças em amores depositadas,
o seu foi o que teve mais crédito.
De toda a vontade de ficar junto,
a vontade que me domina é a sua.
Por isso de todos os amores eternos por mim prometidos,
o seu será o único cumprido a risca.

domingo, 23 de outubro de 2016

Livros sobre adoção


Durante o ciclo de palestra do grupo a Sarah Vargas, do ANGAAD, citou a Karyn Pervis, pesquisei sobre ela e achei esse livro. Ele é fantástico, nós recomendamos! Não sei se já foi traduzido para o Português.

Recebemos uma lista com sugestões de filmes e livros lá no fórum durante o processo de habilitação, eis o livros que nos indicaram:

  1. Os Caminhos do Coração - Pais e Filhos Adotivos - Maria Tereza Maldonado - Editora Saraiva
  2. Vinte Coisas que Filhos Adotados Gostariam que seus Pais Soubessem - Euridge - Editora Globo
  3. Pedagogia da Adoção - Criando e Educando Filhos Adotivos - Luiz Schettini Filho - Editora Vozes
  4. Adoção: Origem, Segredo e Revelação - Luiz Schettini Filho - Editora Bagaço

A primeira aproximação...


No dia do aniversário de 29 anos do Junior ficamos sabendo, por meio do ALEGRAA, de um trio de irmãos com menos de 6 anos, que precisava de uma família em outro estado. Nosso perfil inicial era de 2 crianças, mas a idade deles ótima e decidimos ir conhecê-los. As três crianças já tinham passado por aproximações anteriormente e a última tinha sido longa e os pequenos precisavam ser preparados para um novo encontro, por isso levou quase três semanas para vê-los. Quase não suportamos a ansiedade. Fizemos orçamento para os móveis planejados do quarto deles, compramos presentes, oramos muito, perdemos noites de sono, fizemos mil planos, informei minha coordenadora, etc...
Na sexta-feira combinada, na saída de casa, fizemos filminhos para futuramente comunicar a família, os amigos e mostrar para as crianças a nossa ansiedade e felicidade por poder ir vê-los pela primeira vez. Depois de horas de viagem chegamos na Vara de Infância do município, fomos recebidos pela psicóloga de lá. Ela foi nos acolheu super bem e nos fez um breve histórico das crianças e nos recomendou brincar com todos, não mostrar preferência por nenhuma criança e não deixar que os 3 desconfiassem de nada até termos certeza de que podíamos ficar com eles. 
Nos hospedamos em um hotel e tomamos um taxi até o local. Estávamos radiantes, mas tão ansiosos que ficamos felizes por encontrar um taxista tão falante que nos envolveu na conversa por uma hora até chegarmos ao nosso destino. O abrigo ficava em uma região muito violenta, entre duas favelas, bem esse foi meu primeiro desafio porque sou caipira do interior, sim cresci pobre e até vir pra São José dos Campos (que não tem grandes favelas), morei cidades rurais muito pequenas mas que eram bem assistidas, e cujos criminosos mais comuns eram ladrões de galinhas. Eu sempre fico extremamente tensa quando temos que passar por regiões violentas em SP, RJ ou outras grandes cidades que visitamos.
Chegamos no abrigo quase ao anoitecer, a assistente social estava nos esperando e, antes de conhecermos as crianças, nos fez as mesmas recomendações da psicóloga da VIJ. Em seguida fomos para a varandinha onde estavam as 9 crianças abrigadas (entre 2 e 8 anos). Ficamos eufóricos e as crianças também, sentavam no nosso colo, nos escalavam, todos queriam atenção ao mesmo tempo e brigavam entre si por atenção (descobrimos, depois de um tempo, que esse comportamento é bem característico de crianças abrigadas). A mais velha do nosso trio era a mais reservada e desconfiada. Brincamos, contamos histórias (ou tentamos), fizemos carinho, separamos brigas, consolamos, e depois de uma hora tivemos uma conversa animada com a assistente social. Dissemos que já sabíamos que eram eles, que os adoramos... Ela foi cautelosa e nos disse para passar o dia seguinte e o domingo no abrigo e depois dizer o que achávamos. 
Voltamos para o hotel e decidimos ir jantar no restaurante de lá, lugar especial com uma vista panorâmica. Fomos comemorar nosso 5º aniversário de casamento que seria no dia seguinte e estávamos animado com o presente, os três filhos tão esperados. Fizemos mais vídeos com as nossas impressões enquanto esperávamos nosso jantar, que foi perfeito, maravilhoso. Ainda bem que comemoramos na véspera!
Voltamos no dia seguinte, as cuidadoras do abrigo ficaram felizes com nossa chegada e nos deixaram com as 9 crianças e mais uma bebê de 1 ano no "parquinho". Parecia simples para uma professora (e seu marido super parceiro) que lida com mais de 20 crianças por vez nos intervalos, mas não foi assim. Além da disputa por atenção, ficamos incomodados com a sujeira do parque, os formigueiros, os brinquedos quebrados e perigosos, lugar insalubre. Vamos encurtar a história, o dia foi tenso, fui ficando com o coração apertado. No retorno ao hotel não conseguia falar, mal conseguia chorar, um aperto gigantesco no peito, a pressão era insuportável. Descobri depois que se tratava de um ataque de pânico, achei que ia morrer. Tristeza sem fim.
Houve confusão, dor, cobrança e culpa. "O que estava havendo? Por que me sentia tão insuportavelmente triste? O que havia feito de errado? Como podia não estar preparada depois de tantos anos ansiando por nossos filhos? Por que o Junior estava se sentindo bem e preparado e eu não? Por que Deus nos deu respostas tão diferentes? Será que além de não poder gerar filhos biológicos também não conseguiria adotar? Será que seria uma mãe horrível? Será que todos se sentem assim? Por que nunca ouvi nada parecido nos depoimentos do grupo de adoção? Sou a primeira que se sente assim?
Foi preciso muita ajuda e paciência do Junior, orações e uma benção do sacerdócio pra eu conseguir sair da cama e conseguir falar e comer alguma coisa. Um dos dias mais tristes da minha vida, ironicamente exatamente 5 anos depois do mais feliz de todos.
Na manhã seguinte ficamos mais uma hora ou duas no abrigo antes de virmos embora, lá o medo de não conseguir levar a aproximação adiante foi crescendo novamente. A culpa de deixar as crianças lá aumentou e durante o trajeto de 4 anos de volta pra casa o pânico voltou, uma sensação horrível de impotência diante de uma pressão enorme...
Mal conseguimos trocar umas poucas frases no percurso da volta pra casa e foi assim por toda a semana. A pressão maior diminuiu depois que liguei (na segunda-feira) pra psicóloga da VIJ  e depois de comunicar a assistente social do abrigo de que não me sentia qualificada pra continuar com a aproximação, mas culpa, essa levou tempo pra passar. O Junior estava preparado e embora tivesse dito que essa decisão deveria ser dos dois, e que ele me apoiaria, senti a tristeza discretamente ressentida dele por semanas.
Fomos juntos à psicóloga uma vez, depois fui por mais um mês sozinha, conversei com a Helô do grupo e descobri que ela tinha tido uma ou duas "aproximações" antes de concretizar a sua primeira adoção. O Junior conversou com o Moreno, também do Alegraa, e soube que tinham discordado também uma vez quanto a adoção de um bebê. Aos poucos fomos descobrindo que já tinham vivido algo parecido com o que estávamos sentindo. Aos poucos as nossas conversas com nosso Pai Celestial e com a  psicóloga trouxeram mais clareza mental, mais conforto e compreensão.

Mais atualizações da família

Finalmente viajamos para os EUA. Passamos 9 dias em Nova Iorque, fiquei tão feliz do Jr ter abraçado meu sonho como se fosse dele, nos divertimos muito. Poderíamos ter ido a outros lugares mas escolhemos NY por ainda sermos só nós 2. Deixamos a Flórida e Utah pra ir com as crianças no futuro.
A Elâine e o João vieram morar em Caçapava e trabalhar com o Jr e ficamos tão felizes por fazer um monte de coisas juntos.
Terminamos de construir nossa casa. Ficou linda, um verdadeiro sonho! Agradecemos ao nosso Pai Celestial pela oportunidade de morar aqui todos os dias.
Pedi pra sair da E. (a escola onde trabalhei por 7 anos) para ajudar o Jr na empresa, terminar de construir a casa e viajar. 
Minha irmã se mudou pra junto do meu pai lá em Pedranópolis e depois pro litoral. Ficou grávida e tivemos nosso 4º sobrinho (até agora só meninos), o fofo Lucas. Esse ano voltaram a morar em São José dos Campos. 
A Geslaine veio da China, com a família, e morou uns meses aqui na casa da Elâine. Ficamos felizes por termos todos por perto e acompanhar o crescimento do Gabriel. 
Eu voltei a trabalhar no M. D.  Além de precisar estava com saudades da escola, do trabalho com as crianças. O João e a Elâine precisaram voltar para Rio das Ostras pra procurar trabalho, a Geslaine se mudou pra Goiânia e ninguém ficou muito animado com as mudanças, melhor era quando estávamos todos por perto.